domingo, 23 de agosto de 2009

pensando em ti

trazias a face lavada de suor
carregavas o semblante magico
destilavas a frio o sabor amargo
fingias com brincadeiras o real

querias unicamente disfarcar a dor
querias inocentemente calcar o tragico
querias aparentemente estar ao largo
querias desesperadamente não ser banal

muitas foram as promessas que falhaste
as mais que muitas e outras tantas talvez
rios que secam árvores que secam
olhos que já não choram
estrelas que só brilham de dia
tristes com as promessas que a noite faz
o vento que sopra em silencio
a agua do mar que recusa beijar as rochas do teu peito dorido pela amargura de ser sóbria

e passas despercebida!
mas não a mim!
grito de raiva que sinto
que jamais mudaras
que serás sempre autocondenada
sai da masmorra de pedra em que nos enclausuraste
e vive vive vive
sim tu és feita de vida
rasga a cortina do tempo
esta podre
esta sujo
e feito de raiva
deixa o mar fazer as pazes contigo
o vento voltar a gritar alto nos seus devaneios
por favor faz com que as estrelas voltem a brilhar de noite
e nesse dia eu vou falar com a lua e dizer-lhe o quão bonita tu estavas na noite em que te vi.





manesflama

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

musa destruidora

musa destruidora!

trazes no peito de prata
um colar de pedras rubras
não ouso tocar que mata
as minhas mãos imundas

dessa pedra que ostentas
maior entre as demais
todo amor alimentas
com bailados orientais

prende o olhar desconfiado
de todos que passam por ti
eu , cão esfomeado
todos os livros já li

não encontro explicação
esse fogo arde em mim
dedicarei uma canção
sem principio nem fim

cantaremos juntos
sentados numa estrela de pó
essa melodia aos mundos
e não mais estarei só

e se perto do fim estiver-mos
consciência esmagadora
cantarei mais alto os versos
minha musa destruidora



manesflama

ate que fosse madrugada

ai quem me dera que tudo fosse diferente
que as gotas que escorrem da minha face
não fossem lágrimas mas sangue de gente
sou órfão das palavras que escrevo
sou o desastre que o destino tece

ai quem me dera não ter saído do cravo
que ainda alimenta a esperança
dos homens feitos soldado bravo
que arrasto desde tempo de criança

ai quem me dera aos serviçais do medo
uma morte rápida e indolor
num suspiro de alivio letal
que as mães do fogo pela manha cedo
festejassem o nascimento sem pudor

ai quem me dera que de forma liberal
os que fazem do ódio e repressão
a cantiga de alvorada
caíssem de maduros no chão
e sufocassem no próprio vomito

ai quem me dera depois de lavada a rua
e a liberdade agora libertada
pudesse andar por ela nua
ate que fosse madrugada

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Confusão causada de dentro para fora


Num dia normal como outro dia qualquer, dei comigo a separar duas notas de papel. Rascunhos que escrevi com tinta de servidão. Pela semelhança das duas ,borradas de suor com bordados de perfume e estrelas de fantasia já sem brilho e muito gastas quase esquecidas eram as duas retrato fiel da sua insanidade não pude esperar e com uma espada que fiz nascer, cortei o texto das duas que já não podia ver e uma ira começou de dentro do papel com tinta a chorar em gritos de agonia que já não posso abafar raios partam ! Eu fui o carcereiro e sou um ditador tenho um exercito de letras aladas um pouco ensanguentadas mas ruínas de ouro serão se não ceder. Perdi e dobrei os dois pedaços de papel e serenamente adormeci.
Manesflama

desce o pano!

com as mãos ainda tremulas
carregadas de ódio letal
suor a escorrer na face
lavo a cara tiro remelas
sangra no coração de metal

alivio o sofrimento
dou risota de palhaço
sou um homem de cimento
cão de palha no teu regaço


a faca de gume afiado
que transporta o meu pesar
delira com o massacre
alma podre ser excomungado
salve o serpente de veneno acre!

com olhar de pedra e luz de medo
levaste a minha alma de vencida
coroaste-me com o teu punhal
sangro em pedras e puro sal
eremita farsa que vivo banal


desce o pano!
colorido nu de preconceitos
agora jaz na nuvem densa
deseja de vir a ser palco
deste espectáculo final

Manesflama

terça-feira, 11 de agosto de 2009

aprendi a sonhar



aprendi a sonhar
embalado pela tua voz
os dias que passava ao teu lado
serviram para escrever todos os verssos
todos os poemas
de inspiracao total
era como se a tua voz fosse feita de luar
com a tua boca talhada para tao delicada tarefa
de olhos fechados e respiracao contida
vejo a tua imagem a preto e branco
com sombras tenues
e recortes de fantasia
sentes o que te digo
e fazes-me sentir o que nao dizes
e parece que sempre foi assim desde que te conheci
parto a tua busca agora que me sinto so
mas estou cego e muito canssado
nao conssigo pensar
tenho cuagulos de memoria que obstruem o raciocinio
que de certo me faria ver que ja nao existes
que ja te perdi
e nunca mais vou voltar a sonhar


manesflama

domingo, 9 de agosto de 2009

ola ! diz-me quem tu es ?



ola !
sou eu quem te diz quem sou

sou a palavra solta na boca de um passante

sou o vento que sopra de leve e faz as arvores balancar e as rosas florir

sou a musica desconcertante que se ouve de um instrumento distante

sou a oracao pertinente de um oraculo intemporal

sou a fome que faz vitimas do mundo e do dinheiro que mata cruel homens que nunca choram

sou a briza de um verao escaldante

sou o canto dos passaros nas manhas de maio

sou as folhas tristes da tardes de outono

sou uma criacao arquitetonica robusta e duradoura

sou um plasma de ioes controverssos

sou uma parteira que traz a vida outros seres do ventre de uma mulher que foi amada

sou abelha que produz sem racio e inconsciente

sou o fogo que queima as almas aos inconsequentes do amor

sou o mar que rouba a agua aos rios e ao roubar dos pequenos faco-me grande

sou a cura suprema para todos os males

sou a face da criacao o riso cinico do juiz de morte

sou uma monumental mentira o choro de todas as pedras em lagrimas de po

sou um homem !
sou um homem !
sou um homem ...caramba!


manesflama