quinta-feira, 30 de abril de 2009

com a mao pousada no queixo na minha janela aberta

com a mao pousada no queixo na minha janela aberta 
vejo o mundo que corre la fora a um ritmo louco
sinto que algo se passa e eu tao serenamente apatico
com a mao pousada no queixo na minha janela berta 
vejo que vejo pouco e sinto que sinto pouco 
la fora algo acontece que nao percebo e que me deixa louco
vejo homens e mulheres criancas e automoveis arvores e passaros 
jardins e gatos autocarros e bicicletas comboios e nuvens 
sinto amor e frio calor e azafama ruido e sobressalto 
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta 
a morfologia das coisas a patetice do que nao imagino 
vejo que nao sobra nada se retirar alguma das coisas 
vem um homem e mata um outro homem a demencia 
 a tristeza da descoberta do sentido dessas mesmas coisas 
o vazio deixado pelo sangue por tantos derramado 
a impotencia de ser algo fragmentado disforme 
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta 
que por vezes esta fechada que por vezes nao quero abrir 
mas passam dois miudos na rua  a brincar e a sorrir 
as coisas mudam de cor e a alegria comeca a fingir 
como o sol que brinca com as nuvens e nao as deixa subir 
como o som do bater das asas de um pombo que voa so por prazer
como o amor que um casal sente antes de se corromper 
como o vapor que aquece a caldeira da maquina a vapor 
do tempo quenao controlamos 
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta  
das accoes que nao desejamos 
dos predios enormes que crescem ao redor 
dos corpos apodrecidos na lixeira da existencia 
no farrapo que so eu vejo la fora 
que ao contrario me condene se for farssa ou cobardia 
mas desejo que chegue breve tao desejado dia 
em que os homens descubrirao somente  inocentemente 
que a forca que mede o homem essa nao tem demasia 
o dinheiro esse sim usado pela peste 
vai matando o que vejo ate que nada reste 
e o mineiro cultural que escava o conhecimento 
que divulgue o segredo desta civilizacao agreste 
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta 
sinto que perdi forca mas ganhei uma confusao
a mesma que infesta as mentes da multidao
que se vende que se prostitui sem que mereca perdao
com a mao pousada no queixo na minha janela aberta .