quarta-feira, 17 de março de 2010

debaixo do meu olhar

sem desprezar as multidões
um homem de trajes convencionais
vai rua abaixo de forma banal
olha os demais de forma normal
sente que a sua caminhada de certa forma
e uma caminhada a que chamaria de habitual
e vai rua abaixo pois rua a cima seria fatal
o homem que que era conhecido da vizinhança
que o conhecia desde os tempos de criança
há muito tempo que abandonara a vontade de controlar tudo e todos
liberto de conceitos e formas planeadas
notou que o mundo no qual caminhava , começara
a caminhar por si próprio .
a tolerância da felicidade apontada a sua existência,como alfinete de ponta fina
pronto a romper o painel do tempo repressiva e amarguradamente ,deprimente .
revelava-se em mistério de forças de vontade emergentes ostentando o quanto a magnitude dos ideais nivela os resultados dos mesmos .
a insanidade incontornável de todos os seus actos
por muitos criticados por poucos ignorados eram a sua mais valia ,no preludio da sua identidade a qual nunca abdicou ,tal fora a adaptação a dita normalidade .
mórbido mas fiel a sua magra figura com contornos fatalistas ,continuou por muitos anos sem desprezar multidões .
rua abaixo sem parar.

manesflama (jose neves)

quinta-feira, 11 de março de 2010

poetas de algibeira

poemas de algibeira
paridos em sofrimento
povoam de sobremaneira
pessoas feitas de cimento

num burgo aperfeiçoado
com maneiras teatrais
por um ser amaldiçoado
feitas poesias banais

a memoria de uma batalha
em que os cravos já murcharam
com pescoço na navalha
que os poetas inventaram

há os que regam na memoria
o canteiro de terra morta
na derrocada da historia
que nos entra pela porta

são poetas de algibeira
que nos impingem amor
queime-mo-los na fogueira
onde o ódio pariu a flor .




sexta-feira, 5 de março de 2010

o bom e o mau vilão

o bom e o mau são dois ?
ou um só?
a dualidade e medonha e chega a dar dó
vilanagem!
caricatos.
basta ler aqui e ali
e os seres revoltados
pacatos.
ninguém lê
abandonados!
o bom e o mau vilão
sorri com desprezo no bigode
olha o umbigo e goza
com tamanho pagode
raios parta a todos menos eu!
sou todo poderoso!
sou o teu e o meu!
norte da fuga abalada
o vilão bom e mau
não são nada!
só alma deveria ser cremada.




manesflama (jose neves)

a medo.

rasguei ferozmente a carne podre do teu vestido
bordado de palavras avessas queimadas do tempo vão.
pus a nu a quadra flamejante de cores frias noctívagas
evolvi-te num manto de cristal baço intransponível
cerquei a luz envolvente na esperança ténue
voltei do abismo dançante em que matei a lua
e volto-me para o teatro das serpentes aladas salivantes .
enojas-me!
vomito verbos e adjectivos que eram teus
mato-me para ter o prazer de renascer .


manesflama (jose neves)