sábado, 26 de junho de 2010

gostava de poder falar de amor

gostava de poder falar de amor
sem perder um segundo que seja
a tentar racionalizar o sentido
do porquê auferir da mais pura dor.
do amargo ódio letal da inveja .
do amante secreto de coração partido.

gostava de poder falar de amor
e ganhar um segundo que seja
ao relógio do tempo amestrado
no decifrar de segredos perpétuos.
no beijo entre caricias de bandeja .
no entrelaçar das almas nos corpos.

gostava de poder falar de amor
as estrelas que bailam com a lua
e tão magnificamente só,me escutam .



manesflama (jose neves)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sim


colorido sorriso
alarido zumbido
farsante!
besta ruminante
das palavras digestivas
das paisagens coloridas
arre atropelo!
que se vai a longe
casta menina simples
no altar da pureza
uma rosa branca
uma vela acesa
sangra besta idolatrada!
catarro de fumador
bosta de boi, que fedor!
atropelado por um comboio de plástico
não!
não há medo de lata, nem coragem de borracha!
nem Deus que te valha !
sai sorrindo salto alto surdo.
sim.

manesflama (jose neves)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

a carta que eu nunca te escrevi

quero dizer que há coisas que me deixam confuso que me põem a dizer palavras soltas que o vento se cansa de transportar que as vísceras se me revoltam de não poder dar nexo as belas noitadas de maio ,e o mar revolto com tudo isto adormece no teu peito exausto da caminhada .reparo no silencio com que me brindas ,da quase indiferença que te impões e eu aqui a espera desse maldito teatro mudo e cinema cego a falta de coreografia no bailado de palavras discretas que pairam no teu abismo eu ladrão impostor de romãs nos bolsos a tua espera .
disseste que não tardavas eu sabia da incerteza no perfume da despedida e fiz que não ouvia os passos da lentidão que arrastava o óbvio.
decidido a explorar-te peguei numa estrela que estava ao meu alcance e com a luz que ela emanava ceguei todos os olhos nos olhos abertos teus firmes e realizados tristes e abandonados será que há sorrisos que definam puberdade foi essa a duvida que eu roubei e chocalhei no pulo de norte a norte da corrida que nunca hei-de vencer .

manesflama (jose neves)


domingo, 6 de junho de 2010

a contrição do silencio


na controvérsia de um almoço a dois
comi um poema de versos bem temperados
e na gula de sentir os prazeres do palato
comi sem deixar migalhas, que vergonha!
de vinho doce e angustia de laranja
fingi sorrisos de comprometedor prazer
a tua companhia que me ligava ao mundo
a serenata de garfo e faca o romper
de palavras feitas de açúcar no bebericar do dia
embriagado pela brisa do mar que me olhavas desconfiado pescando os olhos vermelhos ao fumo da passagem por um cigarro comum
venhas ou não dizer que o meu ser é angustia
és mais do que a verde pastagem serena das vozes do monte .
és a minha companhia nestes verdes de Maio que juntos descobrimos a verdade do sabor do que almoçámos .
quebro o silencio guardado na foz do rio que renega a grandeza do mar onde eu vou acabar
e num sorriso digo-te ate breve .


manesflama (jose neves)


sábado, 5 de junho de 2010

imagens





ser feliz


ser feliz e ter cama com lençóis e almofada
e dormir no chão toda a noite sem acordar .

manesflama (jose neves)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

viagem

hoje sentei-me na cauda de um cometa
que estava distraído a ler um livro
levou-me ao fundo do mar mais fundo
encontrei um piano que tocava melodias
o cometa adormeceu,deixou cair o livro
que voou para bem longe do afago nocturno
das estrelas vagabundas desse deserto sem musica
perdido distante do céu voltei acordei o cometa
falei com o piano que já não tocava nadei de volta ao meu consciente com bandeiras vermelhas de sangue e um sacerdote embriagado em rituais de fogo a maldita viagem dogmática enigmática errática foi a viagem foi a viagem foi a viagem

manesflama (jose neves)

terça-feira, 1 de junho de 2010

A raiva

quero partir os meus próprios dentes
que habitam na fossa do meu ser
assim as palavras veneno de serpentes
ecoariam de forma livre sem apodrecer

decerto algum desalinho dos iões positivos
não vou culpar um deus ou falso demónio
vou injectar sódio ou outros respectivos
e esperar ate ao rebentar do crânio

a raiva dentro de mim só em mim aumenta
tenho um colete de forcas intravenoso
que só a morte vai terminar a tormenta

o sabor da derrota do desistir penoso
critico do sol da lua e astros presentes
não os posso morder já parti os meus dentes.

De todas as janelas


De todas as janelas
fechadas ou abertas
que dão para a rua
que dão para as ruas
deixo ideias na minha ida
cada vez que deixo a janela
quebro o pensamento
pensamento índole da vida
um mundo aberto á sede
as hipóteses filosóficas
nos pregoes que se ouvem
esquecidos nas paredes
de cal branca alheia
na relegiao que nada ensina
a caligrafia do homem
que já não chora
que é estátua de ferro
enferrujado das lágrimas do tempo
que existe sem duvida como eu existo
como eu pressinto que não sou
na mentira ebria sem musicalidade alguma
dessas imagens do mundo que das janelas saiam
tão inúteis e estúpidas quanto eu
humano mas inútil.
sim inútil!
Por consequência do presente
não quero parecer nada passado
nem do futuro imperfeito a que nos obrigam a ser.
Passo ao largo no meu carro velho
no meu triste olhar das janelas
abertas ou fechadas
da confusão que tento sair
olho uma vez mais
já não esta
foi-se num salto de malabarista
confundido com o nevoeiro
próprio destas manhas cinzentas
lavo a cara num desespero
corro abro a porta
saio de casa sem fôlego
sim !
Esta tudo na mesma
Fecho a janela .





manesflama (jose neves)