segunda-feira, 7 de junho de 2010

a carta que eu nunca te escrevi

quero dizer que há coisas que me deixam confuso que me põem a dizer palavras soltas que o vento se cansa de transportar que as vísceras se me revoltam de não poder dar nexo as belas noitadas de maio ,e o mar revolto com tudo isto adormece no teu peito exausto da caminhada .reparo no silencio com que me brindas ,da quase indiferença que te impões e eu aqui a espera desse maldito teatro mudo e cinema cego a falta de coreografia no bailado de palavras discretas que pairam no teu abismo eu ladrão impostor de romãs nos bolsos a tua espera .
disseste que não tardavas eu sabia da incerteza no perfume da despedida e fiz que não ouvia os passos da lentidão que arrastava o óbvio.
decidido a explorar-te peguei numa estrela que estava ao meu alcance e com a luz que ela emanava ceguei todos os olhos nos olhos abertos teus firmes e realizados tristes e abandonados será que há sorrisos que definam puberdade foi essa a duvida que eu roubei e chocalhei no pulo de norte a norte da corrida que nunca hei-de vencer .

manesflama (jose neves)


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